quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Às vezes perco palavras em troca de momentos que vão dos meus olhos aos teus, ou à custa de sonhos que me enleiam os braços, quando faço um gesto para agarrar as letras que passam por mim, como imagens à deriva na janela de um comboio. Já pensei que tantas palavras perdidas um dia se vão juntar todas e formar os livros que nunca escrevi, as frases que nunca disse. Mas todas as letras que possam estar nessas imensas bibliotecas nunca vão ser suficientes para que eu as troque pelo toque das mãos que me agarram pela cintura.

terça-feira, fevereiro 13, 2007
Estou aborrecida. Tão aborrecida que estou tentada a fazer grandes considerações sobre a vida e mudar algumas perspectivas na mesma. Já expliquei ao Sr. do Gabinete que esta reestruturação nao o afecta a ele, os ditados podem manter-se, que a instituição que é o meu orgulho não entra em falência por tão pouca soberania. Mas o ministério do bom senso anda a atirar pedras a este meu telhado de vidro, que de tão frágil já só me protege em verões mornos e de tardes soalheiras. Com a chegada de um Inverno tão súbito, a neve gelou-me as lágrimas, que ficam ainda hoje por cair. O vento atirou os soluços do primeiro andar da minha garganta, a geada fez derrapar o peso dos meus 50 kilos para o centro do meu peito. Interrompi a circulação do sangue às minhas mãos, que ficaram pálidas, translúcidas, incapazes de te tocar sem sentir que se quebram as articulações com o peso dos movimentos do meu corpo ao teu.

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